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2 - Talvez

- Oi, mãe. Eu já não sou um bebê. – comentei, disfarçando minha raiva com o tratamento.

Acho que ela não tinha ainda se recuperado por ter me abandonado.

- É bom ver você menino! – ela passou a mão pelo meu rosto. A coisa estava piorando, resolvi tomar uma atitude.

- Também acho isso. Vamos para o carro?

- Sim. Deixe que eu leve suas malas. – ela se ofereceu.

- Não. – quase gritei – Pode deixar que eu levo.

Será que ela achava que sou um maricas? Deixar uma mulher levar minha mala? Nunca!

- Como está o Thiarles?

- O pai está muito bem. A Solange cuida muito bem dele. – comentei, observando o rosto de minha mãe, para ver se havia algum ressentimento em relação ao casamento de meu pai.

Ela continuou impassível.

- Hum. – respondeu simplesmente, seguindo para o porta malas do carro para guardar minhas malas.

Tentou novamente guardar as malas para mim, o mais gentilmente possível recusei. Estou quase certo de que isso vai ser um pesadelo, minha mãe não me trata como um homem, mas como uma criança que precisa de monitoramento constante.

Espero que seja apenas a forma dela me dar boas vindas.

Sentei no carro imaginando o horror que seria essa temporada com minha mãe. Ela até que tinha um carro legalzinho, um Gol prata.

- Eu comprei um Playstation para você. – ela comentou no caminho. – Você gosta?

Cara, ela acha que eu tenho 10 anos?

- Não. – tive que ser sincero.

Será que ela sonha que vou ficar jogando no Playstation ao invés de sair para procurar gatinhas? Em que era minha mãe acha que estamos?

- Oh.

Pronto. Senti que tinha magoado ela. Droga, vai ser horrível morar com uma mulher. Não sei como tem homens que pensam em casar.

- Desculpe mãe. Acontece que estou meio crescido para jogar Playstation. – tentei amenizar a situação.

Para minha surpresa, Renata sorriu.

- Está certo. Você está com 17 anos, deve de pensar somente em garotas. – ela me olhou e piscou para mim.

Dei um sorriso.